Foto: MARCELO SEABRA / O LIBERAL
Fundado em 2005, o Salgueiro nasceu com objetivo definido: promover a cidade homônima através do futebol. Ontem, cinco anos depois, a trajetória meteórica do clube cumpriu à risca a meta planejada. "O projeto desde o início era que o time pudesse divulgar a cidade. E hoje (ontem), podemos dizer que isso foi alcançado. A partir de agora, todos sabem que existe futebol de alto nível na cidade de 50 mil habitantes do Sertão pernambucano".
As palavras do presidente José Guilherme tentam definir o tamanho da façanha. Taxado de impossível, para alguns mero sonho distante, o acesso do Carcará à Série B do Campeonato Brasileiro se confirmou na manhã histórica de ontem. A vitória sobre o Paysandu, de virada, por 3 x 2, calou o super lotado estádio da Curuzu. Mais: cravou o nome do clube na história do futebol pernambucano. Os gols de Fagner, Júnior Ferrim e Edu Chiquita jamais serão esquecidos. No dia 17 de outubro de 2010, debaixo de um sol escaldante, o Carcará assombrou o autêntico bicho papão. O Papão da Curuzu.Apesar de ser o sétimo clube de Pernambuco a disputar a Segunda Divisão nacional, o feito do Carcará é inédito para o interior do estado. Pela primeira vez um clube intermediário ingressa na Era moderna da Série B. A Era rentável, televisionada e lucrativa. Digna do feito de ontem.
No gramado da Curuzu, o Paysandu não conseguiu ser melhor em nenhum momento. Nem mesmo nos minutos iniciais. O gol de Bruno Rangel, aos 11, nasceu de uma falha individual do volante Rodrigo Potiguar. Ele tentou cortar o cruzamento, mas a bola caiu no pé do adversário, o xará Tiago Potiguar, que achou Rangel livre de marcação na pequena área. Batido no lance, Marcelo nada pôde fazer.
O gol, combinado com a pressão da torcida, poderia até ter desestabilizado o Carcará. Não foi o que aconteceu. Cinco minutos depois, Júnior Ferrim perdeu gol feito dentro da pequena área. Aquela seria a primeira das três grandes oportunidades desperdiçadas pelo time sertanejo na primeira etapa. Pouco depois, Fagner redmiu o companheiro de ataque. Acionado pelo goleiro Marcelo, ele disparou em direção à meta adversária. Contra-ataque mortal. O chute, sem qualquer chance de defesa, fuzilou Alexandre Fávaro. A festa no banco do Salgueiro ecoou em meio ao silêncio na Curuzu.
A partir daí, a equipe pernambucana tomou conta do jogo. Bem postada, soube aproveitar os espaços e criar situações perigosas nos contra-ataques. Júnior Ferrim e Clébson por pouco não viraram o placar na reta final. Nervoso, o Paysandu partia desordenado para o ataque, na base do abafa. Ao final do primeiro tempo, o time da casa saiu no lucro.
A pressão do Papão na volta do intervalo etapa dava mostras de que o jogo seguiria eletrizante. E assim foi. O entusiasmo da torcida na arquibancada refletia diretamente no gramado. Parecia ter pressa, o Paysandu. Aos 14 minutos, porém, foi a vez de Júnior Ferrim calar a Curuzu. A cabeçada fulminante no cruzamento de Clébson decretou a virada. Ali, naquele exato momento, de fato, o sonho começou a virar realidade. O gol de Edu Chiquita, aos 22, veio lavar a alma. Chute cruzado da entrada da área, no cantinho. Com 3 x 1 no placar, só restava administrar a partida. Nem o gol de Paulão, aos 24, foi suficiente para tirar o foco do Carcará. O 3 x 2 adverso exigia mais dois gols do Paysandu. Missão praticamente impossível. No fim, o árbitro ainda expulsou dois jogadores do Salgueiro, Edu Chiquita e Rodolfo Potiguar. Não havia mais tempo de reação, porém. Àquela altura, o voo do Carcará já tinha rota definida, com pouso certeiro na Segunda Divisão do futebol brasileiro.
Paysandu 2
Alexandre Fávaro; Bosco, Paulão, Da Silva e Aldivan; Tasio, Sandro Goiano, Fabrício (Lúcio) e Tiago Potiguar; Bruno Rangel e Fernandão. Técnico: Charles Guerreiro
Salgueiro 3
Marcelo Silva; Rogério Rios (Rogério), Eridon, Nei Carioca e Serginho; Roberto Potiguar, Pio, Edu Chiquita, Clébson (Lismar), Fágner e Júnior Ferrim. Técnico: Cícero Monteiro.
Local: estádio da Curuzu, em Belém. Árbitro: José de Caldas Souza (DF). Assistentes: Jander Rodrigues e Marcos Vieira ( ambos do AM). Cartões amarelos: Edu Chiquita, Clébson, Serginho, Roberto Potiguar e Lismar. Cartões vermelhos: Edu Chiquita e Roberto Potiguar. Gols: Bruno Rangel (11 1º T), Fágner (18 1º T), Júnior Ferrim (14 2º T), Edu Chiquita (22 2º T) e Paulão (24 2º T). Público: 16.320. Renda: R$ 461.500,00. Fonte: Diário de Pernambuco.
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